Fóruns eram o ponto de encontro entre pessoas mais comum para tratar sobre assuntos específicos. Havia grupos de interesses em outros lugares, como IRC, mas os fóruns tinham uma barreira de entrada menor para o usuário comum, enquanto redes sociais ainda engatinhavam.
Esse era mais ou menos o cenário se você quisesse procurar informações e entrar em contato com outras pessoas a respeito de assuntos específicos: ler blogs, participar de fóruns, entrar em algum grupo obscuro na Internet, ou, dependendo de onde morasse e de quão peculiar fosse o assunto de interesse, poderia se aventurar a locais de encontro, eventos ou fã clubes.
Para mim que vivo numa cidadezinha no meio do nada no interior, e que sempre tive muita dificuldade em socializar com pessoas, esse se tornou meu refúgio onde eu poderia ter contato com as coisas que eu gostava e poder expor minhas opiniões.
Mais que isso, como era um jovem que tinha acabado de conseguir um emprego com uma remuneração bem melhor que dos meus empregos anteriores e não tinha muitas obrigações na época, eu consegui ter acesso a coisas que eu nunca tive antes. Quando eu nasci, minha família era muito pobre, paupérrima. Durante a maior parte da minha vida, quase tudo era inalcançável. As poucas coisas que eu tinha, eu criava um laço emocional com elas.
Quando eu passei a ter algum acesso a coisas que eu sempre quis, mais que comprar um objeto, eu queria preservar e possibilitar outras pessoas a terem acesso àquele conteúdo.
Por exemplo, o primeiro jogo original que comprei foi um Street Fighter Zero 2 de Playstation. Achei perdido no meio de uma caixa de CDs de música em um sebo. Trinta reais. Em bom estado. Só faltava o obi. Por mais que a versão de Playstation tenha muitos defeitos e não fosse a melhor forma de jogar o jogo mesmo naquela época, ainda assim é um jogo nostálgico pra mim, que eu guardo muito carinho, que eu joguei incontáveis horas na locadora com meus amigos.
E você já viu a caixinha do jogo? O manual? Conhece a arte do disco?
Jogos antigamente eram mais que um código de download, ou uma caixinha sem nada mais que um disco. E isso é algo que eu sempre quis preservar e mostrar para as pessoas. Digitalizar e fotografar. Tornar disponível para que outros pudessem ter acesso a esse conteúdo também.
Juntamente neste processo de preservação, tentar fazer um trabalho de historiador. Quero tentar reunir o máximo de documentação possível. Quantos detalhes de jogos, por exemplo, ainda estão "escondidos" em antigas publicações japonesas? Ou mesmo quanta informação incorreta foi passada por publicações que não tiveram o cuidado de usar fontes confiáveis, ou que cometeram erros de tradução, ou que inventaram informações mesmo?
A documentação ajuda na tentativa de reconstruir e transmitir essa história.
Documentação esta que tentarei traduzir e tornar acessível a um público maior. Vejo que para muitas pessoas, mesmo o inglês, é uma barreira. Muitas vezes, como o inglês é praticamente uma segunda língua pra mim, me pego achando que todo mundo entende, e sou trazido de volta a realidade quando percebo que diversos amigos, colegas de trabalho, familiares, etc, não têm qualquer conhecimento do idioma.
O japonês será um desafio maior, mas me ajudará no aprendizado e aperfeiçoamento.
E como gosto de escrever, esta história também será contada de uma forma subjetiva, através de crônicas. Crônicas da minha vivência, da minha relação com o mundo. E não só contar histórias, mas produzir artigos, reflexivos e opinativos.
Quanto ao escopo, apesar de uma vasta gama de assuntos me interessarem, o foco aqui será SNK, Saint Seiya e possivelmente uma pitada de Silent Hill. São obras e marcas que foram especialmente relevantes em momentos importantes da minha vida.
Eu bem que gostaria de ser, por exemplo, um historiador de histórias em quadrinhos. Um estudioso, pesquisador. Alguém que produzisse material relevante. Um dia eu já tentei por esta ambição em prática, acompanhar todos os quadrinhos que eram publicados no Brasil, mas se mostrou tarefa muito além das minhas possibilidades. Por isso aqui reduzo a algumas poucas obras queridas, na esperança de conseguir chegar pelo menos próximo do intento.
Para além disso, este espaço também será destinado a minha produção artística.
Como já mencionado, gosto de escrever, e eventualmente quero postar algum material literário que eu venha a produzir, e não mais simplesmente jogá-los fora. Quem sabe algum ganhe a simpatia de alguém...
Outra forma de arte que estará presente será o desenho. Desde pequeno o desenho foi meio que uma forma de linguagem minha, que por vezes foi mais importante que a própria fala, o que levou a outra paixão minha, histórias em quadrinhos.
Já fui um jovenzinho sonhador que sonhava em ganhar a vida fazendo quadrinhos. Logicamente a realidade nunca permitiu isso. Já produzi, editei, diagramei e participei de vários fanzines. Tinha várias histórias escritas, ou com a base pronta, por vários gêneros e estilos diferentes. Casamento, trabalho e família, além dos imprevistos da vida, me fizeram deixar tudo isso de lado. Mas há três histórias que ainda quero desenhar. Não são histórias da minha juventude, são histórias de um eu já maduro. Provavelmente não vou conseguir terminar as três, mas fica aqui o compromisso de começa-las pelo menos.
O blog original morreu, porque a vida foi acontecendo. Saúde, trabalho, os problemas da vida. O desejo de voltar sempre esteve presente, mas sempre tinha algo fora do lugar. Esta versão mesmo era pra ter ido ao ar no começo de 2024. Cá estou quase dois anos depois.
Agora aceitando que eu nunca vou ter as condições ideais necessárias, e que é melhor primeiro fazer existir o que é possível e depois ir melhorando conforme for possível, resolvi voltar neste formato de blog que foi como tudo começou. Certamente não é o ideal para o tempo presente, mas é uma forma de por em prática.
Então que sejam bem vindos aqueles que tenham interesse nas Minhas Bobagens.
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